terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A máquina e o imaginário – Arlindo Machado

MACHADO, Arlindo . Máquina e Imaginário: o Desafio das Poéticas Tecnológicas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993.

 
Arlindo Machado no seu texto “Máquina e Imaginário” introduz a discussão sobre arte e tecnologia referindo como exemplo 3 formas de criar arte com tecnologia, seja com caráter apologético ou a integração: Estéticas Informacionais, a Vídeo-arte e a Surveillance.

Para Machado não importa saber se esses processos podem ser considerados artísticos ou não, importa é discutir os conceitos tradicionais através da criação dessas novas obras e sua implantação na vida social. Para isso, o autor afirma que é necessário uma crítica não dogmática que esteja atenta a dialética da desconstrução e da construção de grandes transformações.

Machado salienta que os gregos, por exemplo, não faziam nenhuma distinção entre arte e técnica, até pelo menos ao Renascimento, quando filósofos como Francis Bacon e seus contemporâneos vão adotar o conceito de “artes-mecânicas” como modelo da cultura nascente.

Para Machado a nossa época também passa por um momento de discussão de problemas técnicos e científicos. Exposições demonstram que se tornou cada vez mais difícil fazer uma diferenciação entre a imaginação artística, a investigação científica e a invenção técnica e industrial.

Segundo o autor alguns pensadores como Lewis Munford consideram que a arte e a técnica são opostas, pois a arte corresponde à subjetividade do homem enquanto a técnica é mecânica e objetiva, logo máquina e arte se opõem.

A discussão passa agora pela questão da contradição entre a arte e a indústria, pois sabemos que os artistas expõem sua arte de forma subjetiva, a arte é sim, uma forma de expressar sentimentos, mas a indústria se apropria dessa condição e de certa forma subsidia os artistas.

Vivemos numa sociedade avançada industrial e tecnologicamente, é claro que de alguma forma os aparelhos tecnológicos irão fazer parte do universo artístico. Daí talvez o paradoxo, porque ao mesmo tempo que os artistas criam novos métodos composicionais, as empresas financiam grandes eventos internacionais dedicados ao tema da exploração artística dos novos meios.

Encaminhando a continuidade dessa discussão, Arlindo Machado cita a Sky art, e refere que esta se caracteriza basicamente por projeções de raios laser, bombardeamento de nuvens com pó químico para torná-las iridescentes e coloridas, lanças aos céus balões de gás hélio, criar arco-íris artificiais, sinais eletromagnéticos etc. Os artistas da Sky art encontram muitas dificuldades devido os seus projetos terem custos elevados, mão-de-obra especializada e longas pesquisas, sem os render os resultados práticos que a tecnocracia espera. Mas essa mesma tecnocracia que muitas vezes é indiferente ao trabalho dos artistas, não pode ignorar esse tipo de arte pois precisa se legitimar socialmente e apropriar-se das descobertas estéticas.

Temos assim três discursos sobre a tecnologia: o apologético, pregado por engenheiros, industriais e a mídia. O das elites intelectuais, acomodados em universidades, museus e imprensa escrita. E no meio os artistas que podem servir como fonte iluminadora trazendo problemas e possibilidades reais.

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