MACHADO, Arlindo . Máquina e Imaginário: o Desafio das Poéticas Tecnológicas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993.
Arlindo Machado no seu texto “Máquina e Imaginário”
introduz a discussão sobre arte e tecnologia referindo como exemplo 3 formas de
criar arte com tecnologia, seja com caráter apologético ou a integração:
Estéticas Informacionais, a Vídeo-arte e a Surveillance.
Para Machado não importa saber se esses processos podem
ser considerados artísticos ou não, importa é discutir os conceitos
tradicionais através da criação dessas novas obras e sua implantação na vida
social. Para isso, o autor afirma que é necessário uma crítica não dogmática
que esteja atenta a dialética da desconstrução e da construção de grandes
transformações.
Machado salienta que os gregos, por exemplo, não
faziam nenhuma distinção entre arte e técnica, até pelo menos ao Renascimento,
quando filósofos como Francis Bacon e seus contemporâneos vão adotar o conceito
de “artes-mecânicas” como modelo da cultura nascente.
Para Machado a nossa época também passa por um momento
de discussão de problemas técnicos e científicos. Exposições demonstram que se
tornou cada vez mais difícil fazer uma diferenciação entre a imaginação
artística, a investigação científica e a invenção técnica e industrial.
Segundo o autor alguns pensadores como Lewis Munford
consideram que a arte e a técnica são opostas, pois a arte corresponde à
subjetividade do homem enquanto a técnica é mecânica e objetiva, logo máquina e
arte se opõem.
A discussão passa agora pela questão da contradição
entre a arte e a indústria, pois sabemos que os artistas expõem sua arte de
forma subjetiva, a arte é sim, uma forma de expressar sentimentos, mas a
indústria se apropria dessa condição e de certa forma subsidia os artistas.
Vivemos numa sociedade avançada industrial e
tecnologicamente, é claro que de alguma forma os aparelhos tecnológicos irão
fazer parte do universo artístico. Daí talvez o paradoxo, porque ao mesmo tempo
que os artistas criam novos métodos composicionais, as empresas financiam
grandes eventos internacionais dedicados ao tema da exploração artística dos
novos meios.
Encaminhando a continuidade dessa discussão, Arlindo
Machado cita a Sky art, e refere que esta se caracteriza basicamente por
projeções de raios laser, bombardeamento de nuvens com pó químico para
torná-las iridescentes e coloridas, lanças aos céus balões de gás hélio, criar
arco-íris artificiais, sinais eletromagnéticos etc. Os artistas da Sky art
encontram muitas dificuldades devido os seus projetos terem custos elevados,
mão-de-obra especializada e longas pesquisas, sem os render os resultados
práticos que a tecnocracia espera. Mas essa mesma tecnocracia que muitas vezes
é indiferente ao trabalho dos artistas, não pode ignorar esse tipo de arte pois
precisa se legitimar socialmente e apropriar-se das descobertas estéticas.
Temos assim três discursos sobre a tecnologia: o
apologético, pregado por engenheiros, industriais e a mídia. O das elites
intelectuais, acomodados em universidades, museus e imprensa escrita. E no meio
os artistas que podem servir como fonte iluminadora trazendo problemas e
possibilidades reais.
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