Sá, José Carlos Vasconcelos (2001). A
Crítica da Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan. Interacções 1
(eds). ISMT:(nd). pp.124-137
No artigo “A Crítica da
Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan”, José Carlos Vasconcelos e Sá
(2001) faz uma análise à obra de dois pensadores do Sec. XX no que concerne
à técnica e à modernidade.
O autor parte da lógica de que
a mediação constitui “um sector bem definido entre os sujeitos mediados por
tecnologias”, tendo como pressuposto que mediação é linguagem.
Sá equaciona a forma como a
tecnologia é vista na era da comunicação tecnológica, e refere que esta é
frequentemente entendida como não interferindo nos processos comunicativos.
Refere, no entanto, que a
“tecnologização da comunicação” tende a impor novas formas de mediação que vão
para além da palavra, mais centradas na imagem e “ numa certa maquinização do
sujeito. Segundo Sá, o ocultamento desta realidade constitui uma incapacidade
de exploração de possibilidades no que se refere à instrumentalidade da
técnica.
Tendo em conta esta concepção
da tecnologia objecto da crítica de Martin Heidegger, sobretudo naquilo que se
relaciona com a questão do controle humano da tecnologia, Sá analisa a sua obra
e destaca os seguintes pensamentos de Heidegger:
- questionar é mais
importante do que obter respostas ou formulação de um problema;
- a técnica deve ser
encarada como reveladora da verdade através da interacção com a natureza,
estimulando a libertação de energias a explorar;
- distingue dois tipos de tecnologia:
ü
A anterior à
Revolução Industrial, envolvida com a natureza e dependente desta, e não a
agride onde produz peças única com valor intrínseco;
ü
A partir da Revolução
Industrial, que explora a natureza, que objectos produzidos em série, sem valor em si , exceptuando o uso que se lhes possa dar, num processo de desocultação
revelador, onde Heidegger critica a estética;
- a tecnologia moderna
elimina o processo tradicional de desocultamento e coloca em causa o próprio
Ser;
- a técnica não poder ser só
apreendida sob o ponto de vista do “controlo e da instrumentalidade”.
Sá de seguida analisou a
teoria de McLuhan no que concerne à técnica e à modernidade partindo da “análise
dos Mass media e das relações destes com as mensagens que veiculam” e destacou
os seguintes pensamentos teóricos:
- os mass media
sobredeterminan a palavra e o seu sentido”;
- “recusa a ideia de progresso orientado
pelo desenvolvimento técnico” através da crítica às tecnologias e à ciência;
- advoga uma atitude de
“vigilância produtiva” e reconhece que a cultura de massa tem potencialidades
para ser transformada quer em destruição quer em desenvolvimento;
- o meio como cada mensagem
é difundida (via oral, escrita, pela televisão, rádio ou presencial)
desencadeia diferentes compreensões, o que leva a que uma mesma mensagem possa
adquirir diferentes significados;
- “três
dimensões ou conjuntos históricos, técnicos e comunicacionais”:
1) Dicotomia Oral/Escrito – a
invenção da escrita violou essa multiplicidade sagrada dos sentidos que a oralidade preenche e forçou
os homens a se concentrarem na visão, em detrimento de todos os outros canais
sensórios.
2) Surgimento dos tipos Móveis – quando a escrita fragmentação
causada pela imprensa favoreceu uma formatação de pensamento em massa.
3) Era da Electrónica – permite
aos seres humanos pensar em conjunto. Tribalizou o homem modernoe recolocou na
dimensão da “aldeia global” .
- a
mediação se tornou uma dimensão crucial na cultura tardo-moderna da comunicação
e da informação”;
- “o conteúdo da
mensagem é irremediavelmente modelado pelo meio pelo qual a mensagem é
difundida”;
- “mediação como
fundamento da cultura moderna”, é assim um pilar da cultura moderna.
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