segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Crítica da Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan.


Sá, José Carlos Vasconcelos (2001). A Crítica da Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan. Interacções 1 (eds). ISMT:(nd). pp.124-137


No artigo “A Crítica da Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan”, José Carlos Vasconcelos e Sá  (2001) faz uma análise à obra de dois pensadores do Sec. XX no que concerne à técnica e à modernidade.
O autor parte da lógica de que a mediação constitui “um sector bem definido entre os sujeitos mediados por tecnologias”, tendo como pressuposto que mediação é linguagem.
Sá equaciona a forma como a tecnologia é vista na era da comunicação tecnológica, e refere que esta é frequentemente entendida como não interferindo nos processos comunicativos.
Refere, no entanto, que a “tecnologização da comunicação” tende a impor novas formas de mediação que vão para além da palavra, mais centradas na imagem e “ numa certa maquinização do sujeito. Segundo Sá, o ocultamento desta realidade constitui uma incapacidade de exploração de possibilidades no que se refere à instrumentalidade da técnica.
Tendo em conta esta concepção da tecnologia objecto da crítica de Martin Heidegger, sobretudo naquilo que se relaciona com a questão do controle humano da tecnologia, Sá analisa a sua obra e destaca os seguintes pensamentos de Heidegger:
- questionar é mais importante do que obter respostas ou formulação de um problema;
- a técnica deve ser encarada como reveladora da verdade através da interacção com a natureza, estimulando a libertação de energias a explorar; 
- distingue dois tipos de tecnologia:
ü  A anterior à Revolução Industrial, envolvida com a natureza e dependente desta, e não a agride onde produz peças única com valor intrínseco;
ü  A partir da Revolução Industrial, que explora a natureza, que objectos produzidos em série, sem valor em si , exceptuando o uso que se lhes possa dar, num processo de desocultação revelador, onde Heidegger critica a estética;
- a tecnologia moderna elimina o processo tradicional de desocultamento e coloca em causa o próprio Ser;
- a técnica não poder ser só apreendida sob o ponto de vista do “controlo e da instrumentalidade”.
Sá de seguida analisou a teoria de McLuhan no que concerne à técnica e à modernidade partindo da “análise dos Mass media e das relações destes com as mensagens que veiculam” e destacou os seguintes pensamentos teóricos:
- os mass media sobredeterminan a palavra e o seu sentido”;
-  “recusa a ideia de progresso orientado pelo desenvolvimento técnico” através da crítica às tecnologias e à ciência;
- advoga uma atitude de “vigilância produtiva” e reconhece que a cultura de massa tem potencialidades para ser transformada quer em destruição quer em desenvolvimento;
- o meio como cada mensagem é difundida (via oral, escrita, pela televisão, rádio ou presencial) desencadeia diferentes compreensões, o que leva a que uma mesma mensagem possa adquirir diferentes significados;
-  “três dimensões ou conjuntos históricos, técnicos e comunicacionais”:
1)    Dicotomia Oral/Escrito a invenção da escrita violou essa multiplicidade sagrada  dos sentidos que a oralidade preenche e forçou os homens a se concentrarem na visão, em detrimento de todos os outros canais sensórios.
2)    Surgimento dos tipos Móveis – quando a escrita fragmentação causada pela imprensa favoreceu uma formatação de pensamento em massa.
3)    Era da Electrónica  permite aos seres humanos pensar em conjunto. Tribalizou o homem modernoe recolocou na dimensão da “aldeia global” .
- a mediação se tornou uma dimensão crucial na cultura tardo-moderna da comunicação e da informação”;
- “o conteúdo da mensagem é irremediavelmente modelado pelo meio pelo qual a mensagem é difundida”;
- “mediação como fundamento da cultura moderna”, é assim um pilar da cultura moderna.

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